09/12/2008
29/11/2008
Com a aproximação do dia do centenário do nascimento de Olivier Messiaen (1908-1992), a 10 de Dezembro, multiplica-se o número de concertos de homenagem ao grande compositor francês, promovidos por várias instituições. A sua monumental produção para órgão tem sido uma das mais contempladas. Um ciclo promovido pela Escola das Artes da Universidade Católica encontra-se a decorrer no Porto e uma outra integral começa hoje, às 21h30, na Sé Patriarcal de Lisboa. Até dia 15, nove concertos a cargo de um amplo conjunto de organistas portugueses e estrangeiros de várias gerações - desde alunos dos cursos superiores de música a profissionais consagrados - percorrem passo a passo uma obra fascinante composta ao longo de quase 60 anos (entre 1928 e 1984) que explora de forma imaginativa todas as potencialidades e cores do instrumento e revela um profundo sentimento religioso. A apresentação na Sé de Lisboa, com o apoio do Instituto Gregoriano de Lisboa e coordenação do organista António Esteireiro, será acompanhada por comentários do cónego Luís Manuel Pereira da Silva aos textos bíblicos e patrísticos que o compositor propôs para as suas partituras musicais.
A abertura do ciclo faz-se com dois promissores intérpretes: Tiago Ferreira, que estudou na Escola das Artes da Universidade Católica, e João Segurado, formado pela Escola Superior de Música de Lisboa e hoje a frequentar o mestrado em órgão em Pitea, na Suécia. Interpretam, respectivamente, o Prélude do ciclo L'Ascension e a Messe de la Pentecôte. Segue-se amanhã a apresentação de Les corps glorieux pela Escola Superior de Música de Lisboa e na terça-feira o Livre d'Orgue, o mais complexo e abstracto ciclo que Messiaen dedicou ao seu instrumento de eleição, pelo italiano Giampaolo di Rosa. As Meditations sur le Mystère de la Sainte Trinité serão tocadas por Edite Rocha e pela classe de órgão da Universidade de Aveiro (dia 6), o monumental Livre du Saint Sacrement, derradeira obra para órgão de Messiaen, será repartido por Filipe Veríssimo, João Santos e pelo organista alemão Markus Rupprecht (dia 9 e 13) e La Nativité du Seigneur cabe à classe de órgão da Universidade de Évora (dia 14). No encerramento (dia 15), António Duarte, António Esteireiro e JoãoVaz tocam obras avulsas de juventude como Le banquet celéste, Apparition de l'eglise eternelle, Dyptique ou a Offrande au Saint-Sacrement. No dia do centenário haverá ainda uma missa, com repertório que faz uma síntese entre as várias práticas vividas por Messiaen na Igreja da Santíssima Trindade em Paris, da qual foi organista titular. Os concertos são às 21h30 e têm entrada livre.
28/11/2008
25/11/2008
Monodie (1963), Dyptique (1930)
António Duarte/Lisboa
Offrande au Saint-Sacrement (1930-35), Verset pour la fête de la Dédicace (1960)
António Esteireiro/Lisboa
João Vaz/Lisboa
A terminar esta integral para órgão de Olivier Messiaen ouviremos três professores de órgão associados a três importantes instituições de ensino da música de Lisboa, nomeadamente a Escola de Música do Conservatório Nacional, Instituto Gregoriano de Lisboa e Escola Superior de Música de Lisboa. Neste concerto ouviremos António Duarte e João Vaz, fundadores e directores artísticos desde a primeira edição do Festival Internacional de Órgão em Lisboa, e António Esteireiro, docente de órgão do Instituto Gregoriano e da Escola Superior de Música de Lisboa. O repertório escolhido para o encerramento deste ciclo baseia-se nas denominadas obras avulsas de Olivier Messiaen. O factor comum a quase todas reside no período dito de juventude de composição. Nesse contexto integram-se Le banquet celéste (1928), Apparition de l’eglise eternelle (1932), Dyptique (1930) e a obra póstuma Offrande au Saint-Sacrement (1930-35). De um período posterior temos outra obra póstuma, Monodie (1963) e Verset pour la fête de la Dédicace (1960). Esta integral encerrará com a primeira obra escrita para órgão por Olivier Messiaen em 1928, Le banquet celeste, a cuja temática haveria de regressar no seu último ciclo de 1984, Livre du Saint-Sacrement, fechando não só um ciclo de composição de mais 60 anos de escrita para órgão, mas também uma vida dedicada à divulgação da fé cristã.
La Nativité du Seigneur (1935)
Classe de Órgão da Universidade de Évora
No penúltimo concerto desta celebração do centenário do nascimento de Olivier Messiaen, associa-se a esta integral outra das principais instituições de ensino superior de música em Portugal. Este concerto resulta de um projecto concretizado pela classe de órgão da Universidade de Évora sob a orientação do professor João Vaz. O ciclo de nove meditações dedicado à Natividade do Senhor foi escrito em Grenoble no ano de 1935. Sendo um dos ciclos mais apreciados pelo próprio compositor, foi uma das obras que mais reconhecimento internacional lhe trouxe, devido à forma inovadora como abordou a escrita para órgão. A utilização sistemática dos modos de transposição limitada, de um componente rítmica muito inspirada pelos ritmos hindus e de temas do repertório gregoriano modificados, tornaram este ciclo um dos mais importantes marcos da escrita para órgão na primeira metade do século XX.
Sábado, 13 de Dezembro de 2008, 21h30
Markus Rupprecht/Regensburg
A segunda parte do Livre du Saint Sacrement, cuja primeira parte foi apresentada no dia 9 de Dezembro, é apresentada em Lisboa por um dos mais promissores talentos da nova geração de organistas alemães. Oriundo da Baviera, Markus Rupprecht dividiu o seu tempo de estudos entre Regensburg, Piteå na Suécia e Viena, trabalhando com alguns dos mais reputados pedagogos do nosso tempo, como são os casos de Hans-Ola Ericsson, Michael Radulescu e Franz Josef Stoiber. Um dos focos principais do seu repertório reside no domínio integral das obras para órgão de Messiaen, que durante este ano de 2008 o levou a apresentar-se em várias cidades europeias da Alemanha, Suécia e Áustria. Neste ciclo Messiaen faz uma síntese de todos os recursos musicais utilizados ao longo da sua carreira enquanto compositor. A utilização de vários tipos de modos, do canto de alguns pássaros da Palestina, aspectos relacionados com simbolismos, linguagem comunicável ou mesmo a métrica grega, fazem desta obra um monumento incomparável no repertório para órgão do século XX. A última parte deste ciclo traz-nos as meditações cuja temática se refere a episódios relacionados com a Eucaristia.
No dia 10 de Dezembro de 2008 celebraria Olivier Messiaen o seu centenário. Esta missa em homenagem a Olivier Messiaen repete o programa apresentado pelos mesmos intérpretes no último Festival Internacional de Órgão de Lisboa 2008, na Igreja de Nossa Senhora do Cabo em Linda-a-velha. A escolha do repertório para este recital tenta fazer uma síntese entre as várias práticas vividas por Olivier Messiaen na Igreja da Santíssima Trindade em Paris. Ao juntar no mesmo concerto obras do repertório solístico, com o Proprium gregoriano do dia e incluindo o motete O sacrum convivium, temos um pequeno vislumbre do contexto em que estas obras foram executadas originalmente. O repertório escolhido incide no período de composição que antecede a Segunda Guerra Mundial, em que foram compostos os primeiros três grandes ciclos para órgão. Os ciclos L’Ascension, La nativité du seigneur e Les corps glorieux fazem parte do repertório mais divulgado e executado de Messiaen. O Instituto Gregoriano de Lisboa é provavelmente a instituição portuguesa com maior tradição no ensino do órgão e da defesa e divulgação do repertório de canto gregoriano e associa-se a esta comemoração do centenário do nascimento de Messiaen através da realização deste concerto.
Livre du Saint Sacrement (I) (1984)
Filipe Veríssimo/Porto e João Santos/Leiria
Escrito em 1984 depois de uma encomenda da cidade de Detroit, o Livro do Santíssimo Sacramento é não só a maior obra para órgão de Olivier Messiaen, mas também a última escrita pelo compositor. Criado depois da ópera São Francisco de Assis (1975-83) que ocupou o compositor ao longo de oito anos é um regresso do autor à escrita para órgão em contexto litúrgico. Devido à sua duração total, superior a duas horas, este ciclo será apresentado em dois concertos distintos mas complementares. No primeiro desses concertos ouviremos dois organistas formados na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, Centro Regional do Porto. Primeiramente ouviremos Filipe Veríssimo, mestre-de-capela e organista titular do órgão Jann da Igreja da Lapa no Porto, um dos instrumentos mais emblemáticos do nosso país. As intervenções musicais de Filipe Veríssimo serão intercaladas pelas de João Santos, professor de órgão em Leiria e organista titular de outro dos melhores instrumentos portugueses, o órgão Heintz da Catedral de Leiria. Trata-se de uma ocasião única de poder ouvir estes dois intérpretes em Lisboa no melhor instrumento da capital.
Meditations sur le Mystère de la Sainte Trinité (1969)
Edite Rocha e Classe de órgão da Universidade de Aveiro
No seguimento da celebração do centenário do nascimento de Olivier Messiaen, associa-se a esta integral outra das principais instituições de ensino superior de música em Portugal. O quarto concerto desta Integral das Obras para Órgão de Olivier Messiaen resulta de um projecto concretizado pela classe de órgão da Universidade de Aveiro sob a orientação da professora Edite Rocha. O ciclo de nove meditações sobre o Mistério da Santíssima Trindade foi à data da sua composição a maior obra para órgão escrita pelo compositor. Inspirado pela reinauguração do seu instrumento de eleição na Igreja da Santíssima Trindade em Paris, e pelas improvisações realizadas nesse concerto inaugural, Messiaen funde neste ciclo elementos fundamentais na sua escrita para órgão. Ao combinar o canto dos pássaros com citações de temas do repertório de canto gregoriano e com técnicas típicas da sua linguagem musical, consegue criar uma das mais importantes obras para órgão do século XX.
Livre d’Orgue (1951-52)
Giampaolo Di Rosa/Roma-Porto
O terceiro concerto desta integral para órgão apresenta o ciclo mais complexo e abstracto que Messiaen dedicou ao seu instrumento de eleição durante mais de 60 anos. De carácter claramente especulativo e fazendo uso de várias técnicas combinatórias é resultado da influências dos cursos de Darmstadt, onde Messiaen também leccionou em 1951 e das paisagens montanhosas dos Alpes e Delfinato, local de criação deste ciclo. Este concerto traz mais uma vez até Lisboa Giampaolo Di Rosa, professor de Órgão da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do Porto. Detentor de uma carreira de reconhecido mérito internacional, Giampaolo Di Rosa divide o seu tempo entre a uma intensa actividade artística e a investigação científica na área da música. O concerto será comentado pelo próprio intérprete que nos tentará ajudar a compreender um pouco melhor a complexidade desta proposta musical de Messiaen.
Classe de órgão da Escola Superior de Música de Lisboa
No ano em que se festeja o centenário do nascimento de Olivier Messiaen, associam-se nesta integral para órgão alguns dos principais intérpretes e principais instituições de ensino superior de música em Portugal. O segundo concerto desta Integral das Obras para Órgão de Olivier Messiaen resulta de um projecto concretizado pela classe de órgão da Escola Superior de Música de Lisboa sob a orientação dos professores João Vaz e António Esteireiro. O ciclo Les corps glorieux escrito no ano do início da Segunda Guerra Mundial encerra o primeiro período de composições para órgão de Olivier Messiaen, onde a sua afirmação como compositor inovador na utilização do colorido tímbrico e orquestral do instrumento surge já em grande evidência. A temática espiritual deste ciclo tenta representar através de sete visões, a vida dos ressuscitados em Cristo.
João Segurado/Piteå-Beja
A abertura deste ciclo de concertos está a cargo de dois dos mais promissores intérpretes da nova geração de organistas portugueses. João Segurado depois de concluir os seus estudos na Escola Superior de Música de Lisboa e de vencer o Concurso Nacional de Órgão do Instituto Gregoriano de Lisboa em 2007, frequenta actualmente o Mestrado em Órgão da Escola Superior de Música de Piteå na Suécia. O jovem organista Tiago Ferreira concluiu recentemente os seus estudos em Órgão e Música Sacra na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, no Centro Regional do Porto. O ciclo L’Ascension inicialmente escrito para orquestra por Olivier Messiaen seria posteriormente transcrito para órgão, tornando-se uma das obras mais executadas do repertório organístico do século XX. A Messe de la Pentecôte reflecte já o período de maturidade de Olivier Messiaen enquanto compositor e intérprete. Criada a partir da sua experiência enquanto organista no contexto litúrgico da Igreja da Santíssima Trindade em Paris é uma obra que sintetiza vários elementos da sua técnica de escrita multifacetada. Um ex-líbris deste concerto inicial reside na primeira apresentação em Portugal do Prelude, obra póstuma e que será executada a abrir esta integral para órgão.
- Solenizar o ano Paulino que nos encontramos a celebrar;
- Dar a conhecer uma parte fundamental do património musical do século XX;
- Proporcionar tempos de espiritualidade que ajudem a viver o que a Igreja não cessa de cantar no Advento:
"Vinde, Senhor: a Igreja é vossa Esposa,
Mostrai-lhe a vossa face gloriosa.
Vinde, Senhor: Falai, Verbo de Deus,
Criai a nova terra e os novos céus."